Skip links

Territórios em disputa – Luz/Cracolândia

No dia 29/03/2018, os candidatos tucanos de SP inauguraram a primeira torre residencial no terreno que abrigava a antiga rodoviária da Luz, em frente à Estação Júlio Prestes da CPTM.

Juntamente com a inauguração da torre, foi reaberta à população, desta vez gradeada, a Praça Julio Prestes. Antiga área de recuo dos ônibus que chegavam e saíam da cidade de São Paulo, a praça havia se convertido, desde o fechamento do mercado de tecidos que sucedeu à rodoviária no terreno anexo, em um espaço de lazer e circulação da população que frequentava a região. Por estar nas proximidades dos espaços de “Fluxo” das cracolândias do centro nas últimas décadas, era comum a presença de homens e mulheres utilizando o espaço para usos diversos.

Para além disso, o que se observava cotidianamente era o abandono da praça por parte do poder público. Era raríssimo ver as equipes responsáveis pelo cuidado dos gramados, sendo a visão comum o jato de água das equipes de limpeza e a presença da PM e da GCM para controle da circulação. Já tratamos algumas vezes aqui na página sobre as implicações do Projeto Nova Luz e o papel da especulação imobiliária por parte do capital privado e do poder público para substituir os moradores e a paisagem da região.

Um dos mecanismos mais utilizados no bairro dos Campos Elíseos foi o de abandono do cuidado com o espaço para reforçar a ideia de “degradação”, onipresente em discursos à direita e à esquerda sobre as áreas do Fluxo, para consequentemente “retomar” estes espaços e atribui-los novos usos por outros cidadãos.

Qual noção de espaço público está contida em uma Praça “revitalizada”, completamente gradeada, em uma região em que resistem milhares de homens e mulheres pobres, que lutam para continuar podendo bancar o luxo que é habitar o centro de São Paulo? Qual a impressão de vocês sobre a região e as mudanças atuais?

Foto: Acervo 

 

Leave a comment