Entre a luta e a miséria – histórias da gente que constrói o país
“Tudo o que aconteceu depois, que arruinou a frágil existência de Maria Silva Nunes aos 63 anos, aconteceu de forma precipitada, uma reação atrás da outra. O marido da falecida e pai de seus três filhos pegou um deles e desapareceu. ‘Ele é catador, o que vai fazer?’ Maria Silva herdou a responsabilidade de cuidar dos outros dois, de 16 e 12 anos, em uma idade em que outras mulheres estão se aposentando. Com Fabiana se foi também o dinheiro que ela lhe dava todo mês. Nem conseguiu manter o Bolsa Família: ‘Isso é para pais e filhos, não te dão se você é avó’, intui. Em casa também está a outra filha em liberdade, que não tem trabalho e seu filho. Há meses em que entram apenas 60 reais e nada mais: são os meses em que, se a cesta básica acaba, Maria Silva sai em busca de comida no lixo. Mais dia menos dia, supõe, vão cortar a luz. ‘Devo 583 reais em contas e ainda não sei como vou repor o pacote de arroz que está acabando.'”
Link para a reportagem do El País: https://bit.ly/38K6uua
A história das gentes pobres que construíram com seu trabalho e sua vida tudo o que há nesse país é de autonomia. Um tanto pelo senso de responsabilidade que acompanha a criação de quem depende do próprio suor desde muito cedo, um tanto pela estrutura de poder, conformada para excluir e eliminar esses “indesejados” após usufruir de seu trabalho.
Não é de hoje que o Brasil funciona assim. Não deixará de ser por bondade da classe dominante. Até onde o sofrimento chega?