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Para que servem as prisões no Brasil?

 

“Quando você for convidado pra subir no adro
Da fundação casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados.”
Haiti. Caetano Veloso e Gilberto Gil. Tropicália, 1982.

“Era a brecha que o sistema queria
Avise o IML, chegou o grande dia
Depende do sim ou não de um só homem
Que prefere ser neutro pelo telefone”
Diário de um detento. Mano Brown e Josemir Prado. Sobrevivendo no Inferno. 1997.

Segundo reportagem da F.S.P (30/05/2020), o Departamento penitenciário nacional considera questão de tempo até que as medidas de restrição e precarização da vida dxs detentxs em virtude da pandemia resultem em grandes rebeliões e, consequentemente, chacinas.

Com a terceira maior população carcerária do mundo (773.151 homens e mulheres), o Brasil é pródigo no uso de instituições de reclusão para controle de parcelas indesejadas da sociedade. Com uma maioria de jovens negros e pobres, o sistema penitenciário serve como espaço de descarte e controle. A privatização do sistema carcerário vai no sentido de tornar essa instituição de controle ainda mais lucrativa.

Frente à maior emergência humanitária de nosso século, a Depen confirma como principal medida a compra de armamentos para “controlar” as inevitáveis rebeliões.

O número de infectados, entre funcionários e detentos, é imenso, e extremamente subnotificado.

Enquanto tocam-se as flautas mágicas do espetáculo da política, uma parcela imensa da nossa população é condenada à doença, à morte e à repressão.

A pandemia não trouxe nada de novo, o que faremos a partir de suas cicatrizes é a questão.

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